A valorização dos professores do Ensino Básico

29/01/2013 08:09

Alex Menez

Primeiramente o que podemos entender por valor? Utilizando da concepção elisiana, o valor, basicamente seria a atribuição simbólica, a alguma coisa, ou seja, ela sendo um objeto ou não. Portanto, o valor atribuído aos professores do Brasil – não referindo somente à questão remunerativa – é atribuído simbolicamente pela própria sociedade brasileira. A partir disso, podemos refletir então, qual é a valorização simbólica atribuída ao profissional da educação no ensino básico?

Se utilizarmos como parâmetro a questão remunerativa, ou seja, a doação – simbólica – de dinheiro ao indivíduo que “cedeu” algumas horas de sua vida, em troca do fornecimento de dinheiro, algo que devemos salientar é necessário a sua sobrevivência. Pois, este indivíduo é desprovido de qualquer meio de produção. Podemos concluir através deste parâmetro, a alta (des)valorização deste profissional, perante a sociedade, que o mesmo faz parte.

Esse tipo de conclusão é vista pelo simples fato de que no estado do Rio Grande do Sul, podemos dizer, é o pior remunerador desta classe trabalhadora. Pois, em comparação com os outros estados que englobam a federação brasileira, é um dos que menos pagam aos seus professores. Dessa forma, se o dinheiro é uma representação simbólica, onde é atribuído valor a algo, os profissionais da educação gozam de pouco prestígio perante a sociedade sul-rio-grandense. Pois, o valor atribuído por essa sociedade, a esses profissionais é baixíssimo.

A questão que se coloca, seria qual a razão da (des)valorização dos professores? Em um discurso progressista, o caráter primordial da educação como ferramenta essencial para o desenvolvimento econômico de uma determinada sociedade é sempre resgatado. Além disso, vemos esse tipo de discurso nos principais meios de comunicação tanto do estado sul-rio-grandense, como em todo o país. Entretanto, o que nunca é colocado em pauta por estes meios de comunicação – controlados pelos setores conservadores da sociedade – seria o tipo de educação que se pretende desenvolver. Ou seja, a “educação” pode ser transmitida da geração anterior, para a sua sucessora das mais variadas formas.

O que esses meios de comunicação sempre colocam é a educação como formadora de mão de obra qualificada, para que com isso, o Brasil continue se desenvolvendo economicamente. Sendo assim, estes veículos comunicativos consideram que o papel primordial da educação – pública – é a formação de indivíduos voltados unicamente, para o chamado “mercado” de trabalho. Dessa forma, chego ao principal ponto da discussão.

O papel, como classe trabalhadora desprestigiada que é atribuído aos professores da rede pública de ensino, pois, este local é onde concentra majoritariamente a maior parte dos jovens estudantes brasileiros. E também, são nas escolas públicas onde estão armazenadas as massas alijadas de qualquer influencia política, tanto no cenário regional, como no cenário nacional. E principalmente, não devemos esquecer que devido à exacerbada desigualdade econômica do Brasil, os alunos frequentadores das escolas públicas. Pertencem a famílias, apesar de numericamente superior, de baixa renda. Pois, a pequena minoria da elite econômica brasileira esta concentrada em escolas particulares. Não esquecendo a nossa querida classe média, esta que teme a pobreza, e sonha com a riqueza. E com isso, procura matricular seus filhos em “boas” escolas particulares.

Não vejo perspectiva de valorização desses profissionais do ensino em um período de curto prazo, e dificilmente em longo prazo. Pois, o grosso dessa classe esta concentrada nas escolas públicas. E essas escolas públicas são vistas pela elite política e econômica brasileira – sem esquecer que o mesmo ocorre no nosso estado -, como formadores de indivíduos subalternos, ou melhor, serviçais dos ricos, poderosos que fazem parte da minoria que controla esse país. Portanto, o desejo de intelectuais e professores da área das humanas, em criar indivíduos capazes de refletir – ou melhor, pensar – sobre a sua realidade histórica, devemos sublinhar, é algo inimaginável para os donos do poder. Mesmo que, esse desejo de criar indivíduos atuantes socialmente, e não simplesmente passivos. Vem sendo buscado através de reformas educacionais. A partir, da chegada ao poder executivo de um partido “esquerdista”. Falta a estrutura adequada para a implantação desse projeto, ou seja, dinheiro.

O dinheiro é o valor atribuído, sendo assim, os pobres não tem força para agir, a classe média tem força, mas não tem a vontade, pois, é conservadora e tem medo de mudanças. E quanto aos ricos, estes desejam simplesmente que o seu status quo não seja alterado.

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