Introduzindo o CinePraxis

24/07/2012 16:00

Prof. Walter Lippold

Escrever sobre cinema sob as lentes da categoria de práxis não é algo novo. Muitos já se aventuraram e trouxeram riquíssimas análises sobre esta arte de massas. As relações entre cinema e história sempre foram problemáticas devido a tradição positivista do culto ao documento escrito. Negamos por muito tempo a oralidade e a imagem como fonte histórica. Hoje, ironicamente, temos o império do hiperrealismo imagético. A foto, o vídeo captura a verdade pronta e nos transmite sua veracidade full time. Estamos transbordados com o “real”, mas este real não seria uma pseudoconcreticidade? A coisa em si da imagem pode ser alcançada? Talvez não, já que a imagem é uma “funda de imagens” subjetivas. Mas existe um método de análise cinematográfica e seu desenvolvimento cresce junto com os demais campos do conhecimento humano. Talvez o método não chegue a coisa-em-si, a essência da imagem, mas não poderia ele nos ajudar a compreender esta cachoeira de imagens que nos toma de assalto todos os dias? Meu objetivo com este coluna é trazer um pouco do que o meu olho/eu observa no mundo atual do cinema. Mas não somente isso: além do academicismo vulgar e da crítica crítica cinematográfica, não viemos aqui com o pedantismo daquele tipo de crítico que na verdade é um diretor frustrado. A práxis é o ato humano objetivo/subjetivo de transformar a realidade compreendendo-a. Mas num mundo onde o fetichismo de mercadoria tomou conta da arte, o cinema tornou-se um dos sustentáculos de reprodução ideológica do modus operandi atual. Daí podemos compreender a tensão entre o “puro” e o “impuro” no cinema, de que nos fala Badiou. Não há pureza pura ou impureza pura, as duas vivem numa tensão. O impuro no nosso caso é o império das imagens-clichê que inundam nossas vidas em todos os tipos de telas, telinhas e telões que temos hoje (TVs, smartphones, tablets, cinemas, holografias). A pureza é a negação dos pseudo-valores do Best-seller. Quantas vezes teremos que criticar o argumento cretino de que “se vende, se o público compra em massa, é bom!”? Uma trincheira de contra-hegemonia no campo do cinema, pequena mas combativa, vim para somar e apostar alto aqui n´O Fato e a História. Sejam bem-vindos.

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