Música é diversão, dedicação e digressão
30/11/2013 10:32Luiz Oliveira
Neste texto buscarei aprofundar e estender o meu aforismo “Música é diversão, dedicação e digressão”. É interessante entender que a construção frasal foi pensada na sua sonoridade e não só na sua semântica, dando fluidez e maior efeito de persuasão (intensificado também pela rima da terminação dos três termos – diversão, dedicação e digressão), a ordenação destes três termos foi pensada de forma crescente em termos de entendimento, sendo a concepção de digressão certamente o termo mais vulnerável de mau entendimento e complexo de interpretação. Analisarei os três termos de significância separadamente, de forma que somadas as análises, a compreensão seja mais evidente.
“Música é diversão”: Neste fragmento optei por um termo mais recorrente e mais coloquial, mas o termo é passivo de mudança, por terminologias mais específicas – como espontaneidade, distração ou expressão. A ideia ocupa-se principalmente deste caráter primário da construção artística como manifestação da angústia existencial do ser humano, do próprio gozo através da cultura – se feita uma análise à luz da psicanálise.
“Música é dedicação”: Aqui a ideia central se baseia não só na concepção de música como movimentação social e impulso existencial do músico, mas como também do envolvimento daquele que degusta a arte de forma a manter a cultura existente e como apreciação da própria produção humana.
“Música é digressão”: Certamente este ponto causa contrariedades e múltiplas interpretações, dado que é uma terminologia muito espaçada (alvo de divagação) e pouco recorrente, é o termo que acentua o aforismo e também o definha, digressão neste aspecto principalmente, é a capacidade do sujeito envolto da música (tanto da produção como da degustação) de externalizar os seus próprios anseios, como forma de interpretar o que o entorna e fazer a diferenciação sujeito-mundo, assim como uma forma de subterfúgio da realidade aparente, através do desfoque sensitivo.
Esta busca pela conceituação da música é complexa, contraditória e árdua, dado que a arte muda o homem que muda a si mesmo e que transcende a possibilidade de um conceito fechado, o que a torna tão estimável.
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