Servir e Proteger – Desrespeito aos Direitos Humanos no Brasil e os “justos” critérios para intervenções militares internacionais.
11/10/2012 08:36
Mateus Ribas
Rodrigo Hermano
A polícia caminha, protegida por seus escudos, na direção dos cidadãos que não aceitam a invasão imperialista em sua cidade e manifestam, democraticamente, sua contrariedade, em protesto. Estudantes são agredidos violentamente por policiais. Alguns, caídos no chão, levam chutes na cabeça enquanto as bombas explodem e lançam fumaça. Sangue na calçada. Gritos e pânico. Camaradas sangrando, sendo levados a hospitais. Alguns policiais, mesmo vestindo uma armadura, também saem feridos. Suas viaturas são apedrejadas. Não foi em Damasco. Não foi no Sudão do Sul, nem em Jerusalém. Isso não aconteceu em Trípoli, e também não teve nada a ver com Mahmoud Ahmadinejad, Muqtada Al-Sadr ou Bashar Al-Asad. Isso aconteceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, cidade-sede da Copa do Mundo de 2014.
No dia 04 de outubro de 2012 houve no Largo Glênio Peres uma demonstração da total incompetência e falta de treinamento da Brigada Militar no controle de uma manifestação promovida por cidadãos porto-alegrenses. Após começarem a massacrar civis que estavam desarmados e indefesos, os quais estavam inconformados com a perda de espaços públicos para uma empresa de refrigerantes, os policiais militares iniciaram um processo democrático e sistemático de pancadaria, bastava apenas a pessoa estar naquele local no momento errado para garantir a sua cota de violência desnecessária. E essa cota, diferente da outra tão criticada pelos pobres e excluídos descendentes de europeus escravocratas, foi garantida, democraticamente, a todos: crianças, mulheres grávidas, homens, negros, índios, brancos, amarelos. A violência estava ali enlouquecida para ser distribuída gratuitamente.
Vendo as imagens da carnificina fica a questão: nossas forças militares estão massacrando civis inocentes e desarmados como os meios de comunicação noticiam no Egito, na Líbia ou ainda na Síria? Me parece que sim! Se fosse no Irã, ou na Síria, seria um motivo bastante plausível para justificar um ataque da ONU, ou da OTAN, talvez explodindo hospitais e centrais nucleares e toda infra-estrutura do país, mergulhando-o no caos. Um macabro “inverno nuclear pela democracia”. Mas aqui em Porto Alegre, cidade que tem um Mc Donalds a cada 500 metros, no centro, e onde a população bebe tanta Coca-Cola que até os peixes do Guaíba estão diabéticos, os culpados são os que apanharam. Quem os culpa? Seres inteligentes que não aparecem nos debates e nas assembléias para dar suas opiniões, mesmo que contrárias. “Mamíferos de luxo” cuja única função se resume a criticar amargamente todo aquele que é capaz de algo pra mudar um mundo que necessita ser transformado urgentemente. E os mesmo de sempre: a imprensa sionista gaúcha. As manifestações nas redes sociais já começam a ocorrer, como podemos ver abaixo nessa montagem com o apresentador da RBS-TV, Lasier Martins:
(Copiado do Facebook em 9 de Outubro de 2012. Não temos nenhuma responsabilidade sobre a acusação, embora, jornalisticamente, manifestemos que o Lasier Martins “pediu para levar”)
Seguindo alguns critérios adotados pelas nações do norte, caberia à OTAN ou à ONU iniciar uma intervenção militar, colocando-nos na idade da pedra, para garantir que os lunáticos detentores dos meios coercitivos cessem o massacre sobre a sociedade civil indefesa? Ou ainda: a sociedade deve iniciar a partir de agora a busca por alternativas militares para fazer frente a esses delinqüentes fantasiados com a farda de autoridade policial? Devemos organizar oficinas ensinando aos civis como se defender de balas de borracha, cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo? Se frente a estudantes desarmados estes demonstram um temor infundado e incapacidade de lidar com as reivindicações populares, certamente tornar-se-iam rebeldes quando os aviões da Organização do Tratado do Atlântico Norte sobrevoassem suas cabeças despejando bombas de fragmentação para libertar a nossa população do ditador sanguinolento chamado Tarso Genro.
Servir e proteger a quem? (Foto: Paulo Whitaker – Reuters)
O mais revoltante é que o lema da Brigada Militar seja ”servir e proteger”. Pois bem, servir e proteger a quem, amigos policiais? Ao tatu-bola da Coca-Cola? O símbolo da extorsão que o capital internacional aplica no povo brasileiro com essa copa? Parece que sim. Então temos um ditador a assassinar: O tatu-bola da copa. E seus asseclas não nos impedirão. Defendem a cerca do Auditório Araújo Vianna, onde uma lata inflável de Coca-Cola celebra, indiretamente, Abril de 64 (Abril sim, no dia 1º. Não me venham com março.), os mortos de Hiroshima e Nagasaki, o napalm do Vietnam, o espancamento sistemático de negros nos EUA, a Ku-Klux-Khan, o enforcamento de Saddam Hussein em frente às câmeras, o assassinato do camarada Allende, de Vladimir Herzog e numerosas outras atrocidades cometidas pela burguesia estadunidense. A “lata do Araújo” foi queimada. E o boato agora é encarceraram o nosso amado Buda da Redenção. Se for verdade, será libertado em breve, tenho fé nisso. O povo porto alegrense se levanta em luta, e espero que isso ocorra também no resto do país. Talvez esteja ocorrendo e a mídia nos esconda, ou manipule a informação. Como fez com a queima da lata inflável do Araújo Vianna, que não foi nem ao menos citada nos jornais. Ou da forma que o site Terra apresentou a manifestação em repúdio à violência da PM, um dia após o espancamento, dando a entender que lamentávamos a destruição do infeliz boneco:
Que as autoridades aprendam com esse triste episódio a respeitar os cidadãos que arcam com quantias vultosas para o pagamento de seus salários desnecessários. Não os pagamos para lutar contra nós, em rompantes fascistas e autoritários, defendendo os interesses de empresários do naipe de Ricardo Vontobel, dono da VONPAR, e a canalha toda que serve ao Império Estadunidense aqui em nossa cidade.Que a população porto-alegrense e brasileira não admita mais essa repressão gratuita que busca apenas a proteção de “bonequinhos” colocados em espaços públicos por estas entidades privadas que enfeiam nossa cidade, ridicularizam nossa fauna e atrapalham a circulação do trabalhador.
Beba menos Coca-Cola. Beba mais suco natural de frutas e água. Pesquise sobre os malefícios do refrigerante. Os evite. E lute contra a invasão dos nossos espaços de vivência, pois se os perdermos, será uma grande vitória da exclusão e do autoritarismo. Necessitamos unir forças, independentemente de partidos, correntes, métodos de luta. Essa luta é de todos nós.
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